segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Ode às telas, à mídia, ao consumismo e à perfeição

Olá! Ei, pessoinhas! (lembrem da Kady em eu, a patroa e as crianças)

AVISO 1: ISTO NÃO É UM DIÁRIO. QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE NÃO É COINCIDÊNCIA. É PROPOSITAL MESMO.

AVISO 2: ISTO FOI ESCRITO ANTES DA MELANIE MARTINEZ LANÇAR SEU CLIPE, ENTÃO QUALQUER SEMELHANÇA É REALMENTE COINCIDÊNCIA.



Acordo e olho a janela do meu quarto. “Nossa, como o dia está lindo lá fora!”, penso e logo apago o pensamento da memória, pois a preguiça me vence. Entro na sala, sento no sofá, acomodo-me da melhor maneira e pego o controle. Enfim ligo a tela preta, grande e fina que se enche de imagens.

Sou abarrotada por um turbilhão de informações ora interessantes ora inúteis e tendenciosas. Espera, o que eu tinha que fazer? O que minha mãe acabou de pedir?

Meus olhos não desgrudam da tela nem por um instante. Frenéticos, eles piscam e parecem estar hipnotizados. Que estranho, não lembro de participar de nenhuma mágica.

A tela continua ali chamando. A tela diz que eu preciso comprar a roupa da marca tal, usada pelo fulano famoso tal, cujo preço é uma bagatela se você comparar os benefícios. Eita, mas esse tecido deve ser como 200 plumas encostando na sua pele! Pelo menos, foi isso que a tela afirmou.

Mas, sabe, eu não quero comprar ou usar essa roupa. Eu já tenho uma bem parecida. Só que a minha é ultrapassada. E, além do mais, se eu não tiver, meus amigos rirão de mim.

Entretanto, eu nunca liguei para esse tipo de atitude vinda dos amigos. Eu posso pensar por mim mesma, mesmo que meus pensamentos sejam loucos e até um pouco influenciáveis. Ainda que a máquina insista em dizer que não consigo. Não posso omitir o fato que o meio nos manipula de qualquer forma.

Finalmente, a tela começa a me irritar. Compre. Compre. Compre. Minha cabeça não suporta mais. Estou a ponto de sair de casa e realmente comprar aquela roupa. “NÃO!”, o grito ecoa dentro de mim. Levanto do sofá e desligo a tela. Segundos antes a imagem nela parecia suplicar para que eu continuasse ali.

Volto ao meu quarto e me olho no espelho. Estou com aquelas orelhas de noites mal dormidas ou bem sonhadas. Logo lembro da minha tarefa escolar. Ligo a tela com teclados e mouse, e entro em um site de história do nordeste brasileiro. Rolo a página um pouco e lá está, piscando. Sabe, aquele quadradinho bem no canto ao lado de anúncios Google.

Bem colorido e sedutor, é como se ele gritasse: “Clique-me e obtenha sucesso!”. A imagem nele é clara: “emagreça em poucos dias, com poucos esforços”. E as fotos se revezam entre alguém com mais massa corporal e alguém com bem menos. É como se gritasse também: “Ei, seu corpo é errado! Ele ainda não está do jeito que deveria ser! Faça o que dizemos, pois sua imagem é deplorável. Uma gordurinha já é sinônimo de feiura.”
            
Sai do site e entrei em outro. A mesma imagem piscava, mas agora a mulher segurava um shake super milagroso em uma mão e pílulas na outra. Troquei de site muitas vezes, mas não adiantava. O gif insistia em me seguir.
            
Comecei a olhar para minha barriga. “Meu deus, quanta gordura! Olha isso, minha pele tá flácida!”. Perai, e daí? É melhor ter saúde a viver assim preocupada exageradamente com o meu corpo. Quer saber, faço meu trabalho depois. Tanta mentira subliminar já estava me enchendo.
            
Sai dessa tela e fui para a outra menor. Aquela com poucos botões que cabe na palma da minha mão. Eu precisava conferir as mensagens. Nada. Nenhuma. Ah, já sei! Vou ver se tem vídeo novo no canal daquele cara super engraçado.
            
E antes que ele começasse, lá estava outro vídeo: Pó mais pó, cor mais cor, maquiagens, cremes faciais... Parecia conversar diretamente: “Passe mais e mais camuflagens, quantas puder. Seu rosto naturalmente é horrível. Reboque-se. Seja igual ao padrão.” Enraiveci-me, pois a questão não era usar maquiagem e sim ser mais do mesmo e chegar a extremos.
            
Desisti de assistir ao vídeo e larguei as telas. Já era quase noite e guiei-me para fora de casa. Sentei na calçada de casa e fiquei olhando para o céu. O dia ainda estava lindo.
           

~~<3~~


Eu não entendo este mundo. Por que ao abrir essas telas as coisas não podem ser ao contrário? Por que não valorizar a diversidade?

Parece que, desde que nascemos em meio a sociedade, somos impregnados, sufocados por esse turbilhão o qual mostra que tudo em nós está errado e que precisamos alcançar a perfeição. Mas que tipo de perfeição é essa? Sinceramente, acredito que ela não exista quando se fala em seres humanos e nem em outros conceitos. Se é que ela existe ou não é apenas uma invenção dos dominadores para se sentirem superiores e para venderem mais do mesmo.
            
Como já disseram algum dia nos estudos da estética filosófica, “a beleza é relativa”. Então, o exagero para tentar ser aquilo que não é, porque as telas, impressos e sons divulgados mandam as coisas serem assim, é o mesmo que renunciar a si mesmo.
            
Sempre será difícil sobreviver as influências que gritam todos os dias e te envolvem sem pudor, mas é preciso tentar. Valorize suas formas, suas cores, suas rugas, suas espinhas, seus tamanhos, seus fios ou a falta deles, seus ideais, pensamentos e opiniões.
            
Valorize-se. Autoconfie. Adquira autoconhecimento e com ele eleve a sua autoestima. Reconheça-se como é. Use, maquie-se ou não, abuse, transforme-se ou permaneça igual. Faça tudo isso porque você quer e não por influência da mídia ou da sociedade. Mude porque você se sente bem e só quer agregar valores.
            
Somos todos belos. Feiura é questão de gosto. Não se autosequele. Não se autoagrida porque a sociedade disse que seus aspectos físicos e seus pensamentos estão errados. Acima do corpo e da imagem, valorize o que você tem por dentro.

Não procure a perfeição e sim a felicidade.


The end is just a new beginning.
(O fim é apenas um novo começo.)

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Para ajudar a refletir ainda mais sobre esse assunto, aqui vai duas músicas tudo a ver e que eu amo de paixão. Recomendo que assistam ou revejam. São realmente muito boas.

Pretty Hurts - Beyoncé

Mrs Potato Head - Melanie Martinez  

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Bom, por hoje é isso. Deixem nos comentários suas experiências e opiniões relacionadas a essa temática. Quero saber tudo! Você sentem essa influência na pele? Ou ela não existe? Como está o seu nível de autoaceitação e respeito? Você concorda com os valores disseminados pela mídia?

Para vocês, abraços bem apertados que cheguem até o fundo de seus coraçãozinhos. Até logo!

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