sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Quem dera eu soubesse esperar...


Sim 
Eu não sei esperar
Sim
Talvez eu seja impaciente
Não tanto 
quanto minha mãe é 
Mas não o suficiente para alcançar meu pai em sua paciência disfarçada de aflição. 

Eu imagino
tudo
agora
como deve ser
Mas nunca é

Crio bilhões de expectativas
Monto histórias inteiras
Pulo de alegria
Entro em êxtase 
Choro como um bebê desnutrido
Embarco em minha própria ilusão
Para depois entender que este não é o futuro real. 

Quem me dera esperar
Deixar
rolar
Deixar
o tempo
correr no seu fluxo
bem devagar 

Não esperando acontecer o impossível 
Não me deixando levar pelo imprevisível 

Quem dera, deixar-me-ei ser ainda mais surpreendida
Viver cada passo no seu momento
sem indícios de velocidades exasperadas demais. 

Quem dera eu fosse paciente 
Da mesma forma, que a alma é inocente
Quem dera, não tentasse controlar o tempo
E o rumo que a vida ganha

Assim talvez fosse
um pouquinho mais leve
esse fardo desnecessário que carrego
Que só me faz sentir em extremos
coisas das quais nem ao menos existem de verdade.



Como sempre, a sumida aparece mais uma vez, depois de séculos. Me esperem até o próximo dia de ânimo. Beijocas no coração!